No comecinho dos anos 90 videogame era uma atividade muito familiar.
Embora o Atari permitisse apenas 2 jogadores por vez, era comum ter um punhado de crianças observando a jogatina.
Na minha memória, essa pirralhada toda eram os meus primos.
Memória é uma palavra bem adequada, pois o console em questão era o Memory Game da Milmar, um “Atariclone” que já vinha com 128 jogos na memória a um precinho módico, se comparado aos novos videogames que estavam sendo lançados lá pelo começo dos anos 90.
E se pensa que o atraso tecnológico era motivo de reclamação, está muito enganado, pois videogame, qualquer um que fosse, ainda era novidade e proporcionava muita diversão.
Imagine a bagunça que se instalava quando 4 a 6 crianças se reuniam para jogar clássicos como Seaquest, Enduro e “Come-Come”.
Em Pitfall sempre tinha o “Guia das Selvas”, que era o palpiteiro que dizia por qual caminho seguir, se o bonequinho estava direitinho na cabeça do jacaré, ou orientando a não pular o escorpião, pois nunca dava certo.
No River Raid a rivalidade tomava conta para ver quem era aquele que conseguia passar mais “fases”, indo o mais longe naquele jogo que parecia ser infinito.
Mas a gritaria mesmo acontecia no Mr. Postman.
Enquanto uma criança tentava desviar da saraivada de tiros do bicho, as outras iniciavam uma verdadeira chuva de palpites, orientando para que lado o bonequinho deveria ir e a hora certa de largar a cordinha. Quando alguém conseguia pousar corretamente sobre a ave, a gritaria tomava conta do ambiente, como se o Brasil tivesse ganho a Copa do Mundo de futebol.
Quando eu jogava Memory Game com meus primos, eu sempre achei que o nome era devido a enorme quantidade de jogos que vinha no console.
Mal sabia eu que, na verdade, era porque as lembranças com esse videogame nunca mais sairiam da memória.
Fonte: O bom do videogame